quarta-feira, 24 de abril de 2013

Política Fiscal - jan/fev 2013


A análise do orçamento federal dos primeiros meses de 2013 mostra um aumento na arrecadação do último ano para este. Em janeiro, por exemplo, a arrecadação foi de R$ 117,16 bilhões, representando uma variação de 12,56% comparando com o mesmo mês do ano anterior. Dentre os motivos para a grande arrecadação, destacam-se o pagamento da primeira cota ou cota única do Imposto de Renda de pessoa jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, a arrecadação do Imposto de Renda Retido na Fonte e a arrecadação da Cofins. Como esperado, a alta arrecadação usual de janeiro não se sustentou no mês seguinte. Em fevereiro de 2013, tem-se uma arrecadação de R$ 76,28 bilhões, número pouco menor do que o observado no respectivo mês do ano anterior (variação de apenas 1,92%).
Tanto o significativo aumento em janeiro, quanto a leve diminuição das arrecadações em fevereiros, ambas foram puxadas, basicamente, pelas receitas do Tesouro, nas rubricas impostos e contribuições; já as receitas da Previdência Social e do Banco Central mostram que, embora os valores sejam bem menores, as variações são significativas: no tocante às receitas advindas da previdência, houve variação positiva de 8,5% em janeiro e de 14,19% em fevereiro; e no tocante às receitas do Banco Central, nota-se variação positiva de 13,63% em janeiro, comparado ao mesmo mês do ano anterior e variação de 36,11% em fevereiro. Conquanto haja uma grande diferença de arrecadação entre os primeiros meses de 2013, o mesmo gap não se aplica às transferências a estados e municípios: houve apenas variações de 0,32%, em janeiro, e de 14,11%, em fevereiro.
No tocante às despesas, primeiramente cabe destacar que nos dois primeiros meses do ano o Orçamento do ano de 2013 não estava aprovado; em outras palavras, os gastos do governo estavam restritos aos limites de gastos previstos na LDO.  Ainda assim, observa-se um aumento das despesas nos primeiros meses do ano, uma vez comparadas aos mesmos meses do ano anterior, com uma variação positiva de 12,46%, em janeiro, e de 11,93%, em fevereiro. Esses gastos foram puxados por leves aumentos nas despesas do tesouro nacional, com custeio e capital, benefícios previdenciários e as despesas do Banco Central. Destaca-se a queda em Despesas de Custeio e Capital, dada a menor execução das despesas do Programa de Aceleração do Crescimento e redução nas despesas do FAT.
Por fim, com relação ao resultado primário do governo central, temos que, apesar do aumento notado em janeiro desse ano (uma variação positiva de 20,54% se comparado ao mesmo mês do ano passado), há uma queda expressiva em fevereiro (variação negativa de 16,06%, se comparado com o mesmo mês do ano passado).
A dívida líquida do setor público, que em dezembro de 2012 foi de R$ 1,550 trilhão, fechou os meses de janeiro e fevereiro em R$ 1,563 e R$ 1,593 trilhão, respectivamente. Já em relação ao PIB, que era de 35,2% em dezembro, permaneceu praticamente estável nos meses de janeiro e fevereiro, fechando em 35,2% e 35,7% respectivamente. A relativa estabilidade da relação DLSP/PIB em janeiro decorreu, por um lado, do superávit primário, que contribuiu para a redução da relação em 0,7 p.p. do PIB, e do crescimento do PIB corrente, que contribuiu com redução correspondente 0,3 p.p. do PIB. Em sentido contrário, a apropriação de juros nominais contribuiu para o aumento da relação em 0,5 p.p., e a valorização cambial de 2,7% registrada no mês, com 0,4 p.p. Já em fevereiro, relação DLSP/PIB cresceu 0,5 p.p em relação a janeiro de 2013. Contribuíram para esse crescimento os juros nominais apropriados, com 1 p.p. do PIB; a valorização cambial de 3,3% no ano, com 0,5 p.p.; e o ajuste de paridade da cesta de moedas que compõe a dívida externa líquida, com 0,1 p.p. Em sentido contrário, o superávit primário contribuiu para redução da relação em 0,6 p.p., e o crescimento do PIB corrente, com 0,5 p.p.
Já a dívida mobiliaria federal, que em dezembro de 2012 era de R$ 1,916 trilhão, fechou os meses de janeiro e fevereiro de 2013 no valor de R$ 1,837 e R$ 1,864 trilhão respectivamente. Os resultados de janeiro de 2013 mostram um decréscimo de R$ 78,9 bilhões em relação a dezembro de 2013. Isso se deve aos resgates líquidos de R$ 98,9 bilhões, decréscimo de R$ 0,3 bilhão em razão da apreciação cambial e incorporação de juros de R$ 20,3 bilhões. A participação por indexador registrou a seguinte evolução, em relação a dezembro: a porcentagem dos títulos indexados a câmbio passou de 0,5% para 0,4%; a dos títulos vinculados à taxa Selic reduziu-se de 17,6% para 17,3%; a dos títulos prefixados caiu de 32,7% para 27,8%, pelos resgates líquidos de NTN-F e LTN; e a dos indexados a índices de preços passou de 28,2% para 27,8%. A participação das operações compromissadas evoluiu de 20,6% para 26,2%, em razão de vendas líquidas de R$119 bilhões.
Já em fevereiro de 2013 o resultado foi um acréscimo de R$ 26,3 bilhões em relação ao mês anterior (janeiro de 2013). Isso se deve as emissões líquidas de R$ 8,3 bilhões, decréscimo de R$0,1 bilhão em razão da apreciação cambial e incorporação de juros de R$ 18,1 bilhões. A participação por indexador registrou a seguinte evolução, em relação a janeiro: a porcentagem dos títulos indexados a câmbio permaneceu em 0,4%; a dos títulos vinculados à taxa Selic elevou-se de 17,3% para 17,7%, devido às emissões de LFT; a dos títulos prefixados evoluiu de 27,8% para 28,7%, pelas emissões líquidas de LTN e NTN-F; e a dos indexados a índices de preços passou de 27,8% para 28%. A participação das operações compromissadas reduziu-se de 26,2% para 24,7%, em razão de compras líquidas de R$12,8 bilhões.
A dívida bruta do governo geral, que fechou o mês de dezembro de 2012 em R$ 2,583 trilhões (58,7 % ao PIB), apresentou os seguintes resultados. Alcançou R$ 2,623 trilhões (59,2 % do PIB) em janeiro, elevando-se 0,5 p.p. do PIB em relação ao mês anterior, contribuindo para isso a incorporação de juros e a elevação das operações compromissadas no mês. E em fevereiro de 2013 alcançou R$2.640,9 bilhões (59,1% do PIB), mantendo-se praticamente estável (redução de apenas 0,1 p.p) como proporção do PIB em relação ao mês anterior.

Fonte: STN e BCB Notas para imprensa Política Fiscal

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