Empregos e Salários - 1º trimestre 2014
Autores: Daniel
Pereira dos Anjos, Eliezer Cristino de Oliveira Junior e Tales Lins
Costa
Orientador
do Subgrupo: Prof. Maurício de Souza Sabadini
No primeiro trimestre de 2014 o
IBGE somente havia divulgado os dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME). A
PNAD Contínua, de publicação trimestral e criada para substituir a PME, foi
suspensa no início de abril devido a questionamentos sobre a nova metodologia.
A PNAD Contínua abrange 20 regiões metropolitanas, enquanto a PME se restringe
às regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Recife, Rio de Janeiro, Salvador,
São Paulo e Porto Alegre.
As mudanças da PNAD Contínua
alterariam a distribuição de recursos aos estados brasileiros por meio do Fundo
de Participação dos Estados, gerando descontentamentos diversos. As novas
regras do Fundo modificaram um dos critérios de divisão, substituindo o
indicador de PIB per capita por Renda Domiciliar per capita, o que na prática
renderá uma parcela maior do Fundo para os estados mais populosos e que possuem
mais famílias pobres.
De acordo com o IBGE, por meio da
PME, a população economicamente ativa, formada pelos contingentes de ocupados e
desocupados, foi estimada em 24,1 milhões de pessoas no mês de abril de 2014.
Em relação ao mês anterior, a variação foi considerada estatisticamente
insignificante pelo Instituto, mas é percebida uma leve e contínua queda do
número absoluto da PEA desde outubro de 2013 que saiu de 24.549 para 24.114
pessoas.
A taxa de desemprego em abril, no
conjunto das seis regiões pesquisadas, foi de 4,9%, um declínio de 0,1 ponto
percentual em relação a março deste ano e de 0,9 ponto percentual em relação a
abril de 2013. A taxa reflete a estimativa de 1,2 milhão de pessoas
desempregadas. De acordo com a tabela abaixo é possível notar uma alteração no
comportamento da taxa em relação ao ano anterior. No decorrer de 2013, a taxa
de desemprego tendeu a aumentar. Um dos possíveis motivos deste aumento deve-se
ao fim dos contratos de trabalho temporários de fim de ano. Mas, em 2014, a
taxa passa a declinar gradualmente, mesmo que pouco, a partir de fevereiro.
De acordo com a
análise do Coordenador de Trabalho e Emprego do Instituto, Cimar Azeredo
Pereira, essa queda se dá, em parte, não pela geração significativa de mais
postos de trabalho, mas pela diminuição do número de pessoas à procura de
trabalho. Foi observado que cerca de um terço dessa população, também chamada
de inativa, é formada por jovens.
O rendimento real
médio dos trabalhadores foi estimado em R$ 2.028,00 para o mês de abril nas
regiões pesquisadas. Em relação a janeiro de 2014, a variação foi estatisticamente
desprezível, mas o rendimento foi considerado 2,6% maior em relação a abril do
ano passado.
Já a taxa, calculada
pela PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego) do DIEESE (Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) em parceria com a
Fundação SEADE (Sistema Estadual de Análise de Dados), nas Regiões
Metropolitanas de Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e
São Paulo, é dividida em dois tipos: Desemprego Aberto e Oculto. Este último se
divide em outros dois subgrupos, o desemprego oculto pelo trabalho precário e o
desemprego oculto pelo desalento.
Entre os meses de
janeiro e março de 2014, a taxa total de desemprego subiu de 9,5%, em janeiro,
para 11,0%, em março. O maior responsável pela elevação desses índices foi a
taxa de desemprego aberto, que variou 1,3 p.p. nesse primeiro trimestre de
2014. Esse aumento deveu-se, principalmente, pela dispensa de trabalhadores
temporários no comércio, que foram contratados para atender ao aumento de
vendas no final de 2013. Já a taxa de desemprego oculto permaneceu contínua nos
meses de janeiro a fevereiro, subindo 0,1 p.p. no mês de março. Quando
comparamos março de 2013 a março de 2014, a taxa de desemprego oculto reduziu
de 2,5% para 2,2%. A taxa de desemprego total de março de 2013 foi de 10,9%,
0,1 p.p. menor do que a taxa desse ano.
O Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados (CAGED) é elaborado e divulgado pelo Ministério do
Trabalho, onde é utilizado dados enviados pelas empresas que contratam
empregados sob o regime da CLT, e a partir desses dados é possível realizar
pesquisas e estudos sobre o mercado de trabalho, assim como subsidia o governo
para tomada de decisões. Quem deve declarar? Todas as empresas que contratam
empregados com carteira assinada, ou seja, aqueles que estão submetidos ao
regime da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Qual o prazo? Até o sétimo
dia do mês subsequente ao mês de referência. Empresas com 20 ou mais
funcionários devem enviar o formulário CAGED através do certificado digital.
Mais informações disponíveis em: portal.mte.gov.br/caged/
O CAGED trabalha com
o saldo total de admitidos e desligados (aposentados, demitidos e falecidos),
logo, a ideia que se tem aqui é de fluxo. Observa-se abaixo como foi a evolução
do saldo no primeiro trimestre de 2014. Foram selecionados os setores que
tiveram variações mais significativas. O saldo total no final da tabela
refere-se não apenas à soma dos setores listados, e sim à soma de todos os
setores que compõem o cadastro geral, incluindo os que foram excluídos desta
análise.
No mês de janeiro, o
setor do comércio apresentou o maior saldo negativo. Isso já era esperado
devido ao fim dos postos temporários criados para suprir a demanda das compras
de fim de ano. Já o desaquecimento do comércio no mês de março, que apresentou
saldo negativo de 26.251, materializa a intenção do consumo das Famílias (ICF),
que diminuiu em decorrência do aumento do endividamento, encarecimento do
crédito pós-aumento da Selic, entre outros fatores, avalia a Confederação
Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) fonte desta
explicação.
Em contrapartida, o
setor de serviços apresentou os maiores saldos, contribuindo com 67,69% do
saldo total do acumulado entre janeiro e março/2014. Destaque para o mês de
fevereiro, quando a diferença entre admitidos e desligados registrou 143.345
empregados. As contratações no subsetor de ensino lideraram o ranking entre os
subsetores, com saldo de 48.813. Em seguida o subsetor de serviços de
alojamento, alimentação, reparação, manutenção e redação com 36.377 postos de
trabalho.
Em comparação com o
mesmo período do ano anterior, o setor comércio apresentou saldo negativo de
74.712 contratações, número maior que em 2014, apresentando variação de 13,82%.
Em relação ao ano de 2013, o saldo total de empregos teve um crescimento de
14,62%. A variação do setor de serviços foi algo em torno dos 30%. Com
estes dados, percebe-se que no primeiro trimestre do ano, no Brasil, o número
de admitidos está superando o número de desligados.
No Espírito Santo,
assim como no Brasil, os saldos no comércio não foram muito animadores,
mostrando um maior número de desligados do que admitidos nos meses de janeiro à
março. O saldo total, envolvendo todos os setores ainda foi positivo,
registrando 2.989 admitidos a mais que desligados. Os reflexos de políticas
monetárias são sentidos em todo território nacional, logo, não foi diferente no
nosso estado, e, havendo recuo do consumo das famílias, houve recuo nas
contratações no comércio.
O setor de serviços
caminhou seguindo tendência nacional, registrando maior saldo no mês de
fevereiro, apresentando um valor absoluto de 2.699. O subsetor ensino contratou
nesse mês 1.922 trabalhadores e foram desligados apenas 814. A construção civil
mostrou-se em desaceleração na medida em que saltou de um saldo de 933 em
janeiro para 92 em março. Não se podem afirmar ao certo os fatores responsáveis
pela queda na construção civil, se é um efeito do crédito ou se é algo sazonal,
sendo necessária uma investigação mais profunda.
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