sexta-feira, 20 de junho de 2014

Empregos e Salários - 1º trimestre 2014 

Autores: Daniel Pereira dos Anjos, Eliezer Cristino de Oliveira Junior e Tales Lins Costa
Orientador do Subgrupo: Prof. Maurício de Souza Sabadini

No primeiro trimestre de 2014 o IBGE somente havia divulgado os dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME). A PNAD Contínua, de publicação trimestral e criada para substituir a PME, foi suspensa no início de abril devido a questionamentos sobre a nova metodologia. A PNAD Contínua abrange 20 regiões metropolitanas, enquanto a PME se restringe às regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Porto Alegre.
As mudanças da PNAD Contínua alterariam a distribuição de recursos aos estados brasileiros por meio do Fundo de Participação dos Estados, gerando descontentamentos diversos. As novas regras do Fundo modificaram um dos critérios de divisão, substituindo o indicador de PIB per capita por Renda Domiciliar per capita, o que na prática renderá uma parcela maior do Fundo para os estados mais populosos e que possuem mais famílias pobres.
De acordo com o IBGE, por meio da PME, a população economicamente ativa, formada pelos contingentes de ocupados e desocupados, foi estimada em 24,1 milhões de pessoas no mês de abril de 2014. Em relação ao mês anterior, a variação foi considerada estatisticamente insignificante pelo Instituto, mas é percebida uma leve e contínua queda do número absoluto da PEA desde outubro de 2013 que saiu de 24.549 para 24.114 pessoas.
A taxa de desemprego em abril, no conjunto das seis regiões pesquisadas, foi de 4,9%, um declínio de 0,1 ponto percentual em relação a março deste ano e de 0,9 ponto percentual em relação a abril de 2013. A taxa reflete a estimativa de 1,2 milhão de pessoas desempregadas. De acordo com a tabela abaixo é possível notar uma alteração no comportamento da taxa em relação ao ano anterior. No decorrer de 2013, a taxa de desemprego tendeu a aumentar. Um dos possíveis motivos deste aumento deve-se ao fim dos contratos de trabalho temporários de fim de ano. Mas, em 2014, a taxa passa a declinar gradualmente, mesmo que pouco, a partir de fevereiro.
  


De acordo com a análise do Coordenador de Trabalho e Emprego do Instituto, Cimar Azeredo Pereira, essa queda se dá, em parte, não pela geração significativa de mais postos de trabalho, mas pela diminuição do número de pessoas à procura de trabalho. Foi observado que cerca de um terço dessa população, também chamada de inativa, é formada por jovens. 
O rendimento real médio dos trabalhadores foi estimado em R$ 2.028,00 para o mês de abril nas regiões pesquisadas. Em relação a janeiro de 2014, a variação foi estatisticamente desprezível, mas o rendimento foi considerado 2,6% maior em relação a abril do ano passado.
Já a taxa, calculada pela PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego) do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) em parceria com a Fundação SEADE (Sistema Estadual de Análise de Dados), nas Regiões Metropolitanas de Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo, é dividida em dois tipos: Desemprego Aberto e Oculto. Este último se divide em outros dois subgrupos, o desemprego oculto pelo trabalho precário e o desemprego oculto pelo desalento.



Entre os meses de janeiro e março de 2014, a taxa total de desemprego subiu de 9,5%, em janeiro, para 11,0%, em março. O maior responsável pela elevação desses índices foi a taxa de desemprego aberto, que variou 1,3 p.p. nesse primeiro trimestre de 2014. Esse aumento deveu-se, principalmente, pela dispensa de trabalhadores temporários no comércio, que foram contratados para atender ao aumento de vendas no final de 2013. Já a taxa de desemprego oculto permaneceu contínua nos meses de janeiro a fevereiro, subindo 0,1 p.p. no mês de março. Quando comparamos março de 2013 a março de 2014, a taxa de desemprego oculto reduziu de 2,5% para 2,2%. A taxa de desemprego total de março de 2013 foi de 10,9%, 0,1 p.p. menor do que a taxa desse ano.
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) é elaborado e divulgado pelo Ministério do Trabalho, onde é utilizado dados enviados pelas empresas que contratam empregados sob o regime da CLT, e a partir desses dados é possível realizar pesquisas e estudos sobre o mercado de trabalho, assim como subsidia o governo para tomada de decisões. Quem deve declarar? Todas as empresas que contratam empregados com carteira assinada, ou seja, aqueles que estão submetidos ao regime da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Qual o prazo? Até o sétimo dia do mês subsequente ao mês de referência. Empresas com 20 ou mais funcionários devem enviar o formulário CAGED através do certificado digital. Mais informações disponíveis em: portal.mte.gov.br/caged/
O CAGED trabalha com o saldo total de admitidos e desligados (aposentados, demitidos e falecidos), logo, a ideia que se tem aqui é de fluxo. Observa-se abaixo como foi a evolução do saldo no primeiro trimestre de 2014. Foram selecionados os setores que tiveram variações mais significativas. O saldo total no final da tabela refere-se não apenas à soma dos setores listados, e sim à soma de todos os setores que compõem o cadastro geral, incluindo os que foram excluídos desta análise.


No mês de janeiro, o setor do comércio apresentou o maior saldo negativo. Isso já era esperado devido ao fim dos postos temporários criados para suprir a demanda das compras de fim de ano. Já o desaquecimento do comércio no mês de março, que apresentou saldo negativo de 26.251, materializa a intenção do consumo das Famílias (ICF), que diminuiu em decorrência do aumento do endividamento, encarecimento do crédito pós-aumento da Selic, entre outros fatores, avalia a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) fonte desta explicação. 
Em contrapartida, o setor de serviços apresentou os maiores saldos, contribuindo com 67,69% do saldo total do acumulado entre janeiro e março/2014. Destaque para o mês de fevereiro, quando a diferença entre admitidos e desligados registrou 143.345 empregados. As contratações no subsetor de ensino lideraram o ranking entre os subsetores, com saldo de 48.813. Em seguida o subsetor de serviços de alojamento, alimentação, reparação, manutenção e redação com 36.377 postos de trabalho.
Em comparação com o mesmo período do ano anterior, o setor comércio apresentou saldo negativo de 74.712 contratações, número maior que em 2014, apresentando variação de 13,82%. Em relação ao ano de 2013, o saldo total de empregos teve um crescimento de 14,62%.  A variação do setor de serviços foi algo em torno dos 30%. Com estes dados, percebe-se que no primeiro trimestre do ano, no Brasil, o número de admitidos está superando o número de desligados.
  

No Espírito Santo, assim como no Brasil, os saldos no comércio não foram muito animadores, mostrando um maior número de desligados do que admitidos nos meses de janeiro à março. O saldo total, envolvendo todos os setores ainda foi positivo, registrando 2.989 admitidos a mais que desligados. Os reflexos de políticas monetárias são sentidos em todo território nacional, logo, não foi diferente no nosso estado, e, havendo recuo do consumo das famílias, houve recuo nas contratações no comércio.
O setor de serviços caminhou seguindo tendência nacional, registrando maior saldo no mês de fevereiro, apresentando um valor absoluto de 2.699. O subsetor ensino contratou nesse mês 1.922 trabalhadores e foram desligados apenas 814. A construção civil mostrou-se em desaceleração na medida em que saltou de um saldo de 933 em janeiro para 92 em março. Não se podem afirmar ao certo os fatores responsáveis pela queda na construção civil, se é um efeito do crédito ou se é algo sazonal, sendo necessária uma investigação mais profunda.



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