terça-feira, 25 de outubro de 2011

(Des)emprego

Amiris de Paula


A recente mudança da política econômica de diminuição da SELIC (pelo menos no que podemos perceber das últimas reuniões do COPOM), ainda que ínfima, já gera incertezas na economia, afetando a atividade econômica e o comportamento, por exemplo, da taxa de desemprego. 

De acordo com pesquisa realizada pelo Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados) em parceria com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), a taxa de desemprego total passou de 11,0%, em julho, para 10,9% registrados no mês de agosto: Um acréscimo de apenas 27 mil postos de emprego. Nota-se, também, a manutenção da taxa de desemprego aberto em 8,3% e a de desemprego oculto, na qual teve uma pequena variação de 2,6% para 2,5%. Entre os setores de atividade, houve variação negativa no nível de ocupação na indústria (-0,6%, representando menos 19 mil postos de trabalho), comércio (-0,6%, menos 18 mil), construção civil (-0,2%, menos 3 mil) e agregado outros serviços (-0,7%, menos 11 mil). Somente o setor de serviços registrou um resultado positivo (0,4%, menos 47 mil). Esse dado preocupa posto que a taxa tem uma corriqueira e notável tendência declinante a partir do segundo semestre do ano, fato não observado ao longo do mesmo. Mostra, também, um desaquecimento do mercado de trabalho. 

Em uma abordagem crítica quanto à importância do trabalho na sociedade atual, cabe lembrar a conferência realizada na UFBA do filósofo húngaro Mészáros, enquanto o mesmo passava pelo Brasil. Meszáros abordou a temática sobre os “limites absolutos” do capitalismo, no qual um destes limites seria o papel do trabalho na sociedade. O trabalho, nesta perspectiva, é visto “como uma necessidade, tanto para os indivíduos que produzem quando para a sociedade como um todo”. Assim sendo, para Mészáros, o “desemprego perigosamente crescente, apresenta no trabalho um dos seus limites já que uma situação onde o trabalho seja visto como um problema, ou pior, como uma falha, tem em si um limite a ser resolvido”. 

Além de cada vez mais freqüentes manifestações e greves trabalhistas, o aparecimento de notícias de que o crescimento do índice de pessoas trabalhando em agosto foi o menor registrado dos últimos 12 meses sendo vinculadas nas mídias causa alarde. Começam, então, os questionamentos se o Brasil estaria entrando na lista dos países que estão sendo arrastados por ondas de manifestações de desempregados, como as que estão fervilhando na Grécia, bem como dúvidas quanto à manutenção da atividade econômica.  Sendo assim, segue-se o lento marasmo do mercado de trabalho para o panorama dos próximos meses. 

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