domingo, 2 de outubro de 2011

Espírito Santo: crescimento X infra-estrutura

Deyvid Alberto Hehr

O bom desempenho da economia do Espírito Santo no ano de 2010 e início de 2011, momento em que o estado alcançou um crescimento do PIB de 13,3% contra um aumento de 7,5% do PIB nacional em 2010, e um crescimento de 5,9% do PIB no primeiro trimestre de 2011 em comparação com o quarto trimestre de 2010, segundo dados do Instituto Jones dos Santos Neves, pode nos levar à grande ilusão de que esse crescimento é sustentável no longo prazo e que a discussão acerca dos problemas de infra-estrutura, que tem se tornado um grande gargalo no desenvolvimento do estado, sejam esquecidos e retornem apenas quando o quadro positivo
se inverte.

Tal resultado foi e vem sendo alavancado pelo desempenho da indústria, da construção civil e das exportações. No entanto, para que o ES continue crescendo de forma robusta, fazem-se necessários investimentos em diversos segmentos da infra-estrutura estadual. Nessa perspectiva, é preciso melhorar todos os modais de transporte e logística, a fim de ampliar a eficiência dos mesmos e induzir um desenvolvimento sustentável.

Para que isso ocorra, é importante que as estradas rurais estejam em boas condições de escoar suas produções e facilitar o próprio cultivo das lavouras, uma vez que a agricultura do estado se dá por pequenas propriedades rurais. Alinhado as essas estradas, temos as rodovias federais que cortam o ES e se encontram num estado precário de tráfego, sobretudo a BR 101 e a BR 262, o que faz com que os custos de transporte aumentem em até 35%, segundo estudo realizado pela Fundação Dom Cabral.

Além das rodovias, o sistema portuário também se encontra em situação delicada, posto que se perde muito tempo para atracar e a profundidade do canal não permite a entrada de navios de grande porte, o que leva a grandes perdas e aumento no custo de produção. Atrelado a isso, temos a caótica situação do aeroporto de Vitória que devido a sua fraca estrutura fazem o número de vôos serem reduzidos e impossibilita ao estado receber aviões de grande porte, prejudicando os fluxos de pessoas e mercadorias para o estado.

Ao sairmos dos problemas de transportes, temos outras questões na atração de novas empresas e, por conseqüência, de novos empregos, tal qual o fornecimento de energia elétrica. Isso se deve ao fato que o estado não é auto-suficiente na produção, e produz apenas cerca de 20% do que utiliza, o que o faz importar cerca de 80% do seu consumo das usinas de Furnas e Itaipu.

Contudo, nota-se que devido a sua localização estratégica o ES deveria ser um centro de escoamento da produção nacional tanto no âmbito doméstico quanto no âmbito internacional. No entanto, no que tange às exportações e importações de granéis, automóveis, aço e etc. o estado ainda consegue se sobressair. Mas no que remete aos produtos classificados como não-commodities, como por exemplo, o setor de fruticultura, o mesmo não consegue atender à demanda e perde espaço no cenário nacional.

Diante do exposto, pode-se constatar que embora o ES esteja crescendo acima do crescimento nacional, ainda esbarra em antigos problemas, que só serão sanados com altos investimentos e um bom planejamento estratégico discutido com todos os âmbitos da sociedade. Nessa perspectiva, uma das saídas seria atrair parcela significativa dos aproximadamente 1,3 trilhões de reais em infra-estrutura que o governo federal anunciou com o PAC II.

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