domingo, 9 de outubro de 2011

A que preço o Brasil alcança superávits comerciais?

Edinara Oza Dias

Em janeiro do ano passado a balança comercial brasileira obteve déficit de 1,8 bilhões de dólares, segundo dados apresentados nas séries temporais do Banco Central. Desde então os superávits comerciais foram consecutivos. No ultimo mês de setembro o saldo, até o dia vinte e um, foi positivo em US$ 3 bilhões, o que representa um aumento de 23,6% se comparado ao mesmo período do ano passado.

Esse resultado positivo embora, no primeiro momento, pareça muito bom para o nível de atividade econômica, na verdade, em uma análise um pouco mais aprofundada indica o pouco grau de desenvolvimento do país.

Através da abertura da pauta de exportação, disponível na página do Ministério do Desenvolvimento, percebemos que o país exporta produtos, majoritariamente, básicos, ou seja, que não passam por processo de beneficiamento antes do envio ao exterior. Ao não beneficiar o produto, o valor agregado é reduzido e o desenvolvimento da indústria interna não é incitado – para esse desenvolvimento outras políticas econômicas devem ser adotadas – e assim os níveis de emprego não são ampliados, o que freia o desenvolvimento.

A importação de bens primários, no entanto, não é uma característica atual da balança comercial brasileira. Isso acontece desde o processo de viabilização da ocupação do território deste país enquanto colônia portuguesa, quando o plantio de cana-de-açúcar tornou-se o “grande negócio” e rendeu lucros extraordinários, apesar de não sustentados em longo prazo, para os empresários do ramo. No decorrer da história, temos ainda os metais preciosos, o algodão e o café, todos commodities, como protagonistas no comércio exterior. Entre janeiro e agosto de 2011, o açúcar e o café continuam a obter destaque na economia ocupando o quarto e quinto lugares, respectivamente, no ranking de exportações.

Além de desestimular a indústria interna, com uma economia exportadora, de bens primários, o nível de atividade do país fica muito vulnerável a oscilações da demanda externa. Sendo assim, mesmo que um equilíbrio da balança comercial seja relevante, o desenvolvimento da indústria interna deve ser priorizado.

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